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Ideação sem sofrimento


O que podemos fazer quando a dor do processo de criação se torna tão aguda, que a pressão por criar se sobressai às possibilidades do livre explorar?



Já participei de uma série de sessões de ideação, tanto como participante quanto como facilitadora e percebo que na maioria das vezes sempre paira uma tensão no ar: será que as pessoas vão “produzir” ideias, soluções verdadeiramente inovadoras? Será que eu, integrante desse time, vou dar conta disso? Será que vou conseguir ter ideias geniais, que não só contribuam com a resolução do desafio proposto, mas que também refletem uma imagem positiva sobre quem eu sou e meu potencial criativo?


Blocos de post its, canetas sharpie e uma parede branca imeeeensa, de fundo infiniiiiito, - ou canvas do Mural, em tempos híbridos! -, pedindo para ser preenchida freneticamente com insights e ideias que podem mudar os rumos de uma empresa, criar um produto ou serviço disruptivo, podem ganhar um ar um tanto quanto intimidador para muita gente - sobretudo, quando o chefe ou o cliente estão ali, fazendo parte do time de criação. Nessas horas, a coisa definitivamente TEM QUE render e o que era para ser um momento de experimentação, livre pensar e fazer pode virar uma tortura e um sofrimento, tamanha expectativa e pressão colocadas.


O Flow: prazer e eficiência

 

Criada pelo psicólogo húngaro Mihaly Csikszentmihalyi, a Teoria do Estado de Fluxo (Flow Theory) busca compreender o que um indivíduo precisa para atingir um estado pleno de satisfação, concentração e motivação inerente à realização de uma tarefa. Csikszentmihalyi descreve um estado de total engajamento, onde as pessoas ficam cem por cento presentes e focadas. Ele chamou esse estado mental de experiência ideal, um fluxo que nos permite desempenhar com prazer e eficiência tarefas que desafiam as nossas habilidades.


Csikszentmihalyi desenvolveu sua teoria a partir de entrevistas com profissionais que exerciam atividades consideradas intrinsecamente motivantes e prazerosas, como artistas, músicos, esportistas e chefs de cozinha. São atividades que levam a sentimentos intensos de alegria e de satisfação pessoal. Durante sua pesquisa, ele descobriu que, apesar de trabalharem em áreas diferentes e pertencerem a culturas muito distintas, vários desses profissionais relataram experenciar um sentimento parecido enquanto faziam seus trabalhos. Era uma sensação de absorção completa nas tarefas que precisavam realizar, muitas vezes ignorando sensações físicas como fome, sede ou sono. A concentração que alcançavam era tão grande que eles não viam o tempo passar, relatando que horas passavam como se fossem minutos.


Segundo o psicólogo, este estado de envolvimento completo só seria possível em condições específicas e tem quatro princípios básicos para sua realização: equilíbrio entre desafio e habilidade (ou seja, não é tão difícil que desistimos, nem tão fácil que nos entediamos), metas claras, feedback das ações e possibilidade de concentração total na atividade e no momento presente.


Motivação e engajamento para criar é algo individual

 

Na minha vivência prática como facilitadora de processos de co-criação, percebo que um outro fator que amplifica essa tensão em criar para um lado não positivo, é a falta da criação de um ambiente de confiança criativa, associado ao uso de recursos que não motivam ou estimulam as pessoas a criarem dentro de um estado de flow - basicamente, recursos que não potencializam suas habilidades natas.


Quando falo de falta de recursos parto do princípio de que hoje, no geral, são usados os mesmos recursos ou linguagens para estimular pessoas que possuem mindsets e habilidades diferentes a criarem: a linguagem escrita, os posts its, a racionalidade e o pragmatismo.


Essas ferramentas possibilitam que as pessoas exercitem apenas um meio de idear, uma única habilidade, desconsiderando que pode haver pessoas que se engajem, se inspirem e se expressem melhor a partir de outras linguagens, como por exemplo, o desenho, o uso de imagens, a gamificação, o storytelling, o uso de metáforas, o trabalho manual e assim por diante, com tantas outras formas de expressão.


Cada pessoa cria, produz, tem insights a partir de estímulos diferentes, faz uso de diferentes formas de expressão e utiliza habilidades diferentes. Os processos mentais são diferentes entre as pessoas, sendo que cada uma conecta ideias e se conecta umas com as outras de diferentes formas.


Fico pensando que processos que buscam colocar as pessoas muito mais num módulo de racionalidade e pressão por volume de ideias do que no de abstração e exploração de possibilidades, podem trazer a falsa sensação de controle de resultados e limitar o potencial real de criação, ao abrir mão de técnicas e ferramentas mais lúdicas e experimentais.


Combinar uma diversidade de ferramentas, métodos e estímulos dentro de uma sessão de ideação é um importante ponto de atenção a ser considerado por facilitadores no momento de desenho e da facilitação de processos de co-criação. Considerar essas individualidades para colocar à disposição dos participantes recursos, estímulos e ferramentas que reforcem habilidades e sejam fontes de inspiração para que as pessoas com diferentes perfis consigam fluir juntas.


Desenhar uma work session demanda conhecimento e sensibilidade para definir quais são as melhores ferramentas e métodos a serem utilizados para extrair o melhor do time de criação. Definir qual o melhor estimulo ou tool para cada perfil e habilidade para se chegar às intenções e resultados esperados. O ambiente e o espaço de trabalho também exercem uma grande influência. Orquestrar todas essas variáveis é algo desafiador para um facilitador, mas fundamental para a construção de um ambiente seguro e sentimento de confiança para criar, junto à equipe de projeto, tendo como pano de fundo a construção de processo construtivo e prazeroso. E isso impacta diretamente não só nos resultados, mas sobretudo na jornada de criação, tirando o sofrimento do criar para abrir espaço para a o prazer em criar e explorar possibilidades, algo inerente ao processo criativo.


Resumo



 

Sincera Space foi criada para ser o seu espaço criativo e estratégico de força, para ajudá-lo a fluir e a conduzir a sua equipe de trabalho em pleno estado de flow.


Nossos métodos e ferramentas dão estrutura e confiança para você experimentar possibilidades e chegar com eficiência e fluidez nos resultados que busca alcançar. Conheça mais aqui.



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